CRISE CAUSADA PELA PANDEMIA REVELA QUE ADMINISTRAÇÃO DA PETROBRAS OPTA POR DEMISSÕES E RELAÇÃO PERVERSA COM FORNECEDORES

FONTE: Petronotícias

Deus é brasileiro, mas a atual administração da Petrobras não tem lá muito está fé toda. Parece não acreditar nas oportunidades que Ele está dando e continua a insistir numa política que pode deixar a empresa de calças na mão. Ele está dando sinais claros de que se a política de vender tudo para se concentrar apenas na exploração e produção, a empresa vai comer o pão que o diabo amassou. Se a companhia tivesse cumprido seu plano de vender todos os seus ativos, como fez com os gasodutos, poços e com a joia da coroa, a BR Distribuidora, certamente a quantidade de demissões, hoje, seria devastadora. Uma empresa do tamanho da Petrobras não pode sobreviver com o petróleo no preço atual e com a demanda em níveis das décadas de 50 e 60. A dupla crise fez a empresa passar de bestial a besta e de primo rico a primo pobre de um momento para outro. Esta crise já provocou pelo menos 4.500 demissões, somente nos contratos de manutenção das plataformas de Macaé. Todos os serviços foram paralisados nas refinarias, Comperj  e no próprio Cenpes. Isso significa mais demissões.  Esse número pode chegar até 8 mil pessoas demitidas. E parece ainda não ter chegado ao fundo do poço.

A bússola que está orientando as ações da Petrobras, muito provavelmente, deve estar com o polo magnético avariado e apontando para qualquer lado, menos para o norte. A estatal está exigindo de seus fornecedores, de qualquer tamanho, que seus novos contratos só sejam assinados se concordarem em receber 25% do valor total este ano e os outros 75% somente a partir de 2022. Uma companhia que gasta R$ 16 milhões para reformar o andar no prédio do EDISE, onde fica o gabinete de seu presidente, não pode nem tentar fazer esse tipo  acordo. Além disso, está repassando para 2021 os pagamentos devidos de serviços prestados por empresas terceirizadas em 2018. É até difícil acreditar que a empresa dirigida pelo  professor Roberto Castello Branco, que tem um currículo rechonchudo com carimbos em universidades americanas, MIT, FGV, Banco Central etc, a maior companhia do Brasil, está sendo administrada a custa do sangue das pequenas e médias empresas, que buscam na Petrobras um parceiro de negócios. Quem, no momento econômico atual, sobreviveria a relação de trabalho como essas?

De todas as grandes petroleiras, no mundo a Petrobras é a única que só quer focar seus negócios em exploração e produção. É como querer ganhar na Megasena sozinho. Empresas estatais que escolheram essa política, como na Nigéria, Venezuela, Irã e Iraque, estão sofrendo muito. A economia desses países estão em colapso, ainda mais porque dependem fundamentalmente desses recursos financeiros, o que não é o caso do Brasil. A escolha pelas vendas dos ativos priorizaram os que davam lucro, como a BR Distribuidora e gasodutos NTS e TAG. A companhia investiu bilhões neles, construiu, vendeu e passou a pagar para usar. E até para não usar. Ainda hoje é o caso de se perguntar: foi mesmo um bom negócio?

O mundo inteiro está investindo em novos oleodutos e gasodutos. É a Rússia construindo gasodutos em direção  a China, Índia, Afeganistão, Alemanha e para outros países da Europa, como Grécia e Itália.  A Dinamarca ligando a Polônia e outros países do leste europeu; o Turcomenistão para o Paquistão e Afeganistão; os diversos projetos nos Estados Unidos, cortando país de leste a Oeste. O Canadá construindo gasodutos gigantescos cortando o país e ligando aos Estados Unidos; o Alasca se ligando ao Texas. Os Estados Unidos querendo distribuir gás para toda Europa a partir de Portugal, enfim. A maior parte desses investimentos é  estatal, o que nos remete diretamente ao Brasil. Ótimo ter a iniciativa privada nisso, mas uma empresa como a Petrobras também pode competir.

Se não fosse o atraso na construção da UPGN, em breve já estaríamos aproveitando a riqueza e o grande volume que temos de gás no pré-sal. A ideia é boa se deixassem os gasodutos com as empresas privadas e com a Petrobras os oleodutos e o transporte de combustíveis através de dutos que cortariam todo Brasil. Não faz sentido distribuir petróleo e os combustíveis através de um país desse tamanho por caminhões ou trens.

Se o Brasil seguisse os métodos construtivos canadenses e americanos para a construção de dutos, o custo seria muito menor e ficaria bem abaixo das referências métricas que temos. É preciso que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) tenha disposição para iniciar estudos sérios para comparar os preços dos métodos de construção  de dutos enterrados com os aparentes, levando-se em conta até a durabilidade de um de outro. Os técnicos que a ANP designar irão identificar que o Brasil pode mudar o paradigma  para dutos aparentes, porque são mais baratos e mais rápidos de serem construídos.

O Brasil precisa de um anel dutoviário fechado interligando todos os estados da federação. Isso aumenta a seletividade e a capacidade de manobra do produto, aproveitando não só as produções no Sul e no Sudeste, como  no Centro-Oeste, Norte e Nordeste. É mais seguro, mais prático e muito mais inteligente para a logística. É preciso mudar esses parâmetros. É bom lembrar que a idade da pedra não acabou por falta de pedras. É preciso buscar novos conhecimentos para o desenvolvimento com sustentabilidade.