PETRORECONCAVO MIRA EM DOBRAR SUA PRODUÇÃO ATÉ 2025 E REVELA PLANOS PARA O POLO MIRANGA

FONTE: Petronotícias

Despontando como uma das protagonistas do processo de abertura do mercado de óleo e gás brasileiro, a PetroReconcavo já colheu até aqui bons resultados operacionais e financeiros ao longo deste ano. Para o horizonte à frente, a empresa tem muitos planos que envolvem a expansão de sua produção atual e forte geração de caixa. O Petronotícias conversa com o CEO da companhia, Marcelo Magalhães, que traçou um panorama das principais conquistas alcançadas até aqui e desenhou também um pouco sobre o futuro da petroleira. Começando pelo Polo Riacho da Forquilha, adquirido da Petrobrás em 2019, o executivo detalhou um pouco da metodologia aplicada nos campos da região, que possibilitou a expansão de 79% da produção nesses ativos – na comparação entre dezembro de 2019 e agosto de 2021. Enquanto isso, a PetroReconcavo se prepara para assumir definitivamente a operação do Polo Miranga, na Bahia, vendido pela Petrobrás em fevereiro. A empresa aguarda a aprovação de algumas condições precedentes para tomar o controle desse ativo, o que pode acontecer ainda neste último trimestre. Magalhães revelou algumas das medidas que serão adotadas pela PetroReconcavo quando assumir Miranga, o que incluirá a otimização dos sistemas de compressão, a mudança nos métodos de elevação e o planejamento de novos poços. De olho também no Novo Mercado de Gás, o CEO afirma que a companhia está participando de várias chamadas públicas de distribuidoras de gás, particularmente no Nordeste. “A PetroReconcavo não quer parar por aí. Nossa empresa quer também ser pioneira na entrega de gás a consumidores industriais de médio porte. Estamos trabalhando muito para que isso venha acontecer o mais rápido possível”, contou. Por fim, Magalhães também afirmou que a expectativa da petroleira é mais que dobrar sua produção atual até 2025, chegando ao patamar acima de 30 mil barris de óleo equivalente por dia até aquele ano.

A PetroReconcavo já alcançou um papel de destaque ao adquirir alguns ativos dentro do programa de desinvestimentos da Petrobrás. Como está o apetite e a expectativa da empresa com os processos que ainda estão em curso?

O processo de desinvestimento da Petrobrás em ativos onshore teve duas etapas. Na primeira delas, com a venda de ativos de médio porte, a PetroReconcavo foi excepcionalmente bem, com a aquisição de três ativos: Riacho da Forquilha, no Rio Grande do Norte; Remanso, na Bahia, onde já operamos como prestadores de serviços; e Miranga, também na Bahia, que é um ativo no qual temos uma boa expectativa. Então, olhando para trás, a PetroReconcavo foi a empresa que mais adquiriu ativos nesse processo até então. Esses três ativos que mencionei somam algo superior a US$ 600 milhões e nos posicionarão como uma empresa de médio porte, com uma produção de 15 mil barris de óleo equivalente por dia – já considerando Miranga e Remanso, cujas transações devem ser fechadas neste segundo semestre.

Em um segundo momento, a Petrobrás passou a oferecer lotes maiores, com a venda de toda a sua infraestrutura em diferentes bacias terrestres. Isso está acontecendo no Espírito Santo, no Rio Grande do Norte, na Bahia e em Sergipe-Alagoas. A PetroReconcavo participou de todos esses processos, exceto o do Espírito Santo, já que esses ativos são, sobretudo, de óleo pesado e essa característica não é convidativa sob a nossa perspectiva para um desenvolvimento de aumento de fator de recuperação.

O último processo que participamos foi o da Bahia. Apresentamos a nossa proposta no dia 25 de agosto. Estamos aguardando a Petrobrás pronunciar-se formalmente sobre esses diversos processos. Obviamente, temos um grande interesse na maioria deles, sobretudo na Bahia e em Sergipe. No Rio Grande do Norte, a PetroReconcavo optou por não prosseguir e no Espírito Santo, como mencionei antes, decidimos desde o início que não participaríamos.

O Petronotícias publicou recentemente sobre o aumento de produção no Polo Riacho da Forquilha nos últimos meses, após a PetroReconcavo assumir o ativo. Pode compartilhar conosco algumas das medidas adotadas pela empresa que resultaram nessa expansão?

É uma metodologia de trabalho que temos desenvolvido há mais de 21 anos. Na verdade, adaptamos essa metodologia de um de nossos acionistas, que é a PetroSantander. É uma forma de encarar o desenvolvimento de campos maduros a partir de alguns pilares. O principal deles é buscar um permanente aumento das reservas certificadas. Para isso, é necessária uma estrutura de custos muito enxuta. Além disso, é preciso foco. Portanto, não vamos para offshore ou para atividades exploratórias de risco. Procuramos ficar focados naquilo que fazemos muito bem. 

Dentro desse foco, temos uma característica muito peculiar no mercado. Somos uma companhia com uma estrutura de operação muito verticalizada. Isso significa que contamos com pessoal próprio e também com equipamentos próprios, incluindo uma frota de quase 9 equipamentos de grande porte, sendo uma unidade de perfuração e uma unidade de fraturamento. Além disso, contamos com sete unidades de workover – sendo duas alugadas e operadas quase que integralmente por pessoal próprio. Essa estrutura nos permite mobilizar recursos logo após o closing. Foi o que fizemos em Riacho da Forquilha e estamos preparadíssimos para fazer o mesmo em Remanso e Miranga. Estamos na expectativa da nossa entrada em Miranga, que é um campo de gás associado. Normalmente, o ganho inicial em ativos de gás é mais rápido e menos intensivo em capital. Isso traz uma perspectiva de crescimento muito rápido em Miranga.

Antes de falar sobre Miranga, gostaria de ouvir os planos para o Polo Remanso.

A PetroReconcavo já opera os ativos do Polo Remanso há 21 anos, através de um contrato de produção incremental com a Petrobrás. A oportunidade de crescimento em Remanso é mais no médio prazo, à medida que passemos a obter a extensão das concessões. A partir disso, passaremos a ter uma perspectiva que vai além de agosto de 2025. Hoje, no Polo Remanso, todas as concessões venceriam em agosto de 2025, porque são todas da Rodada Zero. O investimento em Remanso voltará a ser mais alto quando obtivermos as extensões dessas concessões.

Agora, abordando o tema do Polo Miranga, o que pode revelar aos nossos leitores sobre os planos para esse ativo?

Em Miranga, existem dezenas de poços que podem ser recolocados em operação sem muito esforço. Normalmente, só é necessária uma rápida intervenção de sonda. Em alguns casos, nem isso é necessário. Então, existe uma facilidade inicial para fazer o que chamamos de RTP [Return To Production]. Enquanto isso, temos preparado há algum tempo a chamada otimização de superfície. Em campos produtores de gás, sobretudo os de gás não associado, como o caso de Miranga, um sistema de compressão bem mantido e eficaz é um grande fator para que o gás tenha uma fluência maior. Esse sistema reduz a pressão na cabeça do poço. Quanto menor a pressão, maior a facilidade para o gás fluir até as baterias de compressores. Uma otimização do parque de compressores do Polo Miranga é algo que vamos começar a fazer a partir do momento zero, com um impacto muito grande de produção.

Depois disso, faremos o que chamamos de mudança de método. A Petrobrás, em virtude de seu porte e complexidade, tem métricas de performance muito diferentes de uma empresa menor e mais ágil como a PetroReconcavo. Existe, por exemplo, um método de elevação em poços de gás denominado gas lift, no qual você usa o gás para produzir petróleo. Muitos poços em Miranga utilizam esse método. Assim que começarmos a mobilizar um volume maior de sondas, poderemos fazer gradualmente uma mudança de todos os métodos de elevação de gas lift para o bombeio mecânico. O método de bombeio mecânico desafoga poços onde há condensado ou óleo, desobstruindo o gás.

Por fim, após um intervalo inicial no qual a empresa terá acesso a todo o polo, será possível fazer a abertura de novas zonas, além de outras mudanças de método, fraturamentos hidráulicos convencionais e planejamento de perfuração de novos poços para aumentar a malha e o fator de recuperação desses campos. Então, esse será um projeto feito em etapas. Temos uma sequência muito claramente definida em Miranga.

Noticiamos recentemente que a ANP autorizou a transferência de Miranga para a PetroReconcavo. Quando a empresa assumirá a operação do ativo, de fato?

Essa questão do prazo depende da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Como você mencionou, o processo de cessão em si já está aprovado. Mas existe uma condição precedente na qual a ANP tem que aceitar as nossas garantias de descomissionamento – que já foram apresentadas. Até por informações da própria ANP, entendemos que esse processo está em um momento final de análise. Temos uma percepção que essas garantias serão aprovadas ao longo deste último trimestre. A partir de então, estaremos habilitados para fazer a assinatura do contrato de concessão e o take over da operação desses campos.

A empresa já tem sentido alguns efeitos da Nova Lei do Gás e do Novo Mercado de Gás?

Certamente. Recentemente, vimos uma aceleração muito bem vinda da efetivação do chamado Novo Mercado de Gás e a PetroReconcavo foi pioneira mais uma vez. A partir de janeiro, vamos implementar o primeiro contrato no qual um operador independente fornecerá a integridade do gás de um estado da federação, no caso, o Rio Grande do Norte. A PetroReconcavo assinou um contrato para fornecer 236 mil m³ por dia de gás natural para a Companhia Potiguar de Gás (Potigás), a partir de 1º de janeiro [leia mais sobre esse contrato nessa reportagem]. Isso é um marco muito relevante.

Além disso, estamos participando de várias outras chamadas públicas de companhias de gás, particularmente no Nordeste. Somos sempre muito competitivos, até porque o gás produzido no onshore brasileiro é a molécula de menor custo de produção disponível no mercado. Conseguimos ser extremamente competitivos e, ao mesmo tempo, gerar uma margem muito boa para a companhia. Essa margem nos possibilita desenvolver ainda mais projetos de gás e gera um ciclo virtuoso. Esperamos aumentar ainda mais nossa produção e fornecer gás para outras companhias distribuidoras.

A PetroReconcavo não quer parar por aí. Nossa empresa quer também ser pioneira na entrega de gás a consumidores industriais de médio porte. Estamos trabalhando muito para que isso venha acontecer o mais rápido possível.

Importante mencionar ainda que devemos ser uma das primeiras empresas, em conjunto com outros operadores do Rio Grande do Norte, a ter a prestação de serviço da UPGN Guamaré. Como você sabe, a Petrobrás fez um acordo com o CADE [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] no qual é obrigada a dar acesso às infraestruturas essenciais. A Petrobrás negociou com os operadores o acesso e a prestação de serviço de tratamento de gás em Guamaré. Devemos ser a primeira empresa a passar com gás dentro do regime de serviço naquela unidade. 

A PetroReconcavo olha para eventuais novas oportunidades de expansão de portfólio na Oferta Permanente da ANP?

Trabalhamos muito no âmbito da ABPIP [Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás] para que a Oferta Permanente fosse uma realidade. Não vou lhe dizer que seremos um player muito forte nisso. Mas estamos sempre buscando oportunidades em áreas que possam ser contíguas aos campos que operamos. Hoje, temos 60 concessões e um bloco exploratório. Estamos sempre analisando as fronteiras de todas esses ativos para, eventualmente, nominar novas áreas dentro da Oferta Permanente.

No segundo ciclo da Oferta Permanente, tivemos a felicidade de arrematar um bloco exploratório, adjacente aos nossos campos de Sabiá e Sabiá Bico de Osso. Entendemos que há ali uma possibilidade forte de extensão. Temos o compromisso de perfurar pelo menos um poço. Não entendemos que esse será um poço exploratório em si, mas sim um poço de desenvolvimento, visando confirmar uma interpretação sísmica de que os reservatórios dos campos vizinhos se estenderiam por aquela área.

Por fim, quais são as expectativas da empresa com o futuro?

Já reportamos dois trimestres no pós IPO. Nosso entendimento é que foram trimestres muito fortes, revelando uma forte geração de caixa, com uma margem de EBITDA muito robusta. E também verificamos um crescimento de produção em todos esses trimestres. Sendo assim, a PetroReconcavo espera continuar mostrando um EBITDA robusto, geração de caixa e crescimento.

No médio e longo prazos, a expectativa é mostrar um crescimento constante. Nossa curva de reservas certificadas indica a possibilidade de que possamos mais do que dobrar a produção atual até 2025. Na verdade, a expectativa é que possamos chegar a 2025 em uma posição superior a 30 mil barris de óleo equivalente por dia.