Preço do minério ronda os US$ 130 por tonelada
FONTE: Valor Econômico
Commodity foi negociada a US$ 129,32 a tonelada no porto de Qingdao, na nova máxima de 2020 e maior cotação desde janeiro de 2014
Os preços do minério de ferro permanecem rondando os US$ 130 por tonelada no mercado transoceânico e renovando o recorde em seis anos e meio, embora a atividade comercial nos portos chineses tenha arrefecido em relação ao forte movimento visto nos últimos três dias. Ontem, segundo a “ Fastmarkets MB ”, o minério com teor de 62% de ferro teve leve alta de 0,2% no porto de Qingdao, para US$ 129,32 a tonelada, a nova máxima de 2020 e maior cotação desde o início de janeiro de 2014.
Em agosto, a valorização acumulada pela commodity chegou a 17%, enquanto no ano os ganhos são superiores a 40%. Apesar da força recente, a percepção entre analistas é a de que os níveis de preço atuais não são sustentáveis. Consultado pelo Valor, o chefe de pesquisas do Julius Baer, Carsten Menke, afirma que haverá sobreoferta de minério ainda em 2020, a não ser que algum evento extraordinário impossibilite a expansão da oferta a partir da Austrália e do Brasil, e consequente desvalorização da matéria-prima do aço.
O banco mantém a projeção de preço de US$ 95 por tonelada em três meses e de US$ 80 por tonelada em um ano. “Devido à gravidade da pandemia de covid-19 no Brasil, os participantes do mercado temiam o potencial fechamento de minas para conter a propagação da doença, como aconteceu, por exemplo, no Peru. Isso pode ter levado a um aumento extraordinário nos estoques nas siderúrgicas chinesas e certamente alimentou a alta [de preços]”, explica.
Embora ainda haja risco de interrupção na oferta relacionada à covid-19, segue Menke, ele já estaria refletido nas cotações atuais. “Acreditamos que os preços subiram a níveis insustentáveis. Como é improvável que os fundamentos melhorem [no curto prazo], acreditamos em queda nos próximos meses”, diz.
Do lado da demanda, a retomada da China após a pandemia deu força ao minério, diante da combinação de estímulos à infraestrutura, que levaram a produção de aço a níveis recorde nos últimos três meses, e oferta doméstica de matéria-prima insuficiente.
Segundo o especialista, de janeiro a julho, a produção de aço na China cresceu 4%, enquanto as importações de minério avançaram 11%. “Não acreditamos que esses níveis de produção de aço serão mantidos, em particular porque o governo chinês anunciou que nenhuma medida de estímulo adicional seria necessária depois que a atividade econômica atingiu os níveis anteriores à crise”, diz Menke, acrescentando que, nesse cenário, as importações chinesas de minério tendem a ser menores.