Depois de vender celulose, grupo Lwart avança em gestão de resíduos
FONTE: Valor Econômico
Lwart Soluções Ambientais, novo nome da Lwart Lubrificantes, passou a atuar também na gestão de resíduos automotivos pós-consumo
Depois de vender a produtora de celulose de eucalipto Lwarcel para os indonésios da RGE, em 2018, o grupo paulista Lwart começou a avaliar novos negócios e decidiu expandir presença em serviços ambientais, aproveitando infraestrutura e conhecimento acumulados em 45 anos de operação na área. Maior player de coleta e rerrefino de óleo lubrificante usado na América Latina, o grupo passa a oferecer também a gestão de resíduos automotivos pós-consumo por meio da Lwart Lubrificantes, que foi rebatizada Lwart Soluções Ambientais.
O plano de negócios prevê ainda entrar no segmento de resíduos industriais e duplicar o faturamento em cinco anos, encostando na marca anual de R$ 1 bilhão. De acordo com o presidente da Lwart Soluções Ambientais, Thiago Trecenti, a ambição da empresa é chegar a 2025 com 25% da receita gerada a partir de novos produtos e serviços. “Esse é o mandato dos acionistas”, diz o executivo, membro da terceira geração da família fundadora.
Hoje, a partir do lubrificante usado e contaminado que coleta, a empresa produz óleo básico de alta qualidade e desempenho, que é fornecido como matéria-prima às grandes fabricantes de lubrificantes no país. Na América Latina, o grupo brasileiro é o único produtor de óleo básico de alta performance do grupo II. Com receitas de R$ 475 milhões em 2019, 13% acima do verificado um ano antes, a Lwart coletou 164 milhões de litros de óleo usado no exercício.
Com a ampliação da gama de resíduos coletados, a intenção é ampliar também o portfólio de produtos. Para tanto, a Lwart está firmando parcerias de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia com empresas interessadas em novos produtos obtidos a partir dos resíduos que gera. Conforme Trecenti, em dois anos pode haver novidades nessa frente.
Para dar o primeiro passo, com a coleta de resíduos automotivos – plásticos, filtros e estopa contaminada com óleo usado -, a Lwart investiu R$ 47,2 milhões neste ano. Os recursos foram destinados, principalmente, à ampliação da frota de caminhões, usados na coleta, e mão de obra. Cerca de 60% desse valor corresponde a financiamento e o restante veio do caixa do grupo, que se capitalizou com a venda da fábrica de celulose.
Conforme Trecenti, esses materiais poderão ser recolhidos dos mais de 45 mil clientes já atendidos pela coleta de óleo, entre postos de combustível, oficinas, concessionárias e outras empresas, que demandavam uma solução também para os resíduos sólidos. Em 2020, os esforços estarão concentrados no Estado de São Paulo, com expansão para demais regiões do país a partir do ano que vem. A expectativa da empresa é consolidar rapidamente o negócio e avançar para outros setores, como agronegócio e alimentício.
Frente a uma concorrência bastante pulverizada e formada sobretudo por pequenos negócios, explica Trecenti, o grupo avalia que há espaço para que uma empresa grande, como a Lwart, se consolide como player nacional e persiga a liderança da gestão de resíduos pós-consumo, no país, com forte presença na economia circular. “O DNA do grupo é muito ambiental. Vimos que nossa atividade é essencialmente ambiental”, observa.
De saída, o novo negócio tem o apoio das bases de coleta já existentes de lubrificante usado, que segue para a unidade de rerrefino em Lençóis Paulista (SP). São 16 pontos espalhados no pelo Brasil, incluindo o mais recente, aberto em Fortaleza (CE). A Lwart está implantando ainda uma base em Florianópolis (SC) e, nos próximos cinco anos, a meta é abrir mais pontos, chegando a um total de até 25 bases.
Após a venda da Lwarcel, conta Trecenti, o grupo paulista criou uma área de novos negócios e avaliou diferentes setores, assessorado por consultorias estratégicas. Em 2019, os esforços foram direcionados também para governança, com adequações inclusive no acordo de acionistas. “Ainda é uma empresa familiar, mas cada vez mais transparente”, comenta.