Usiminas vê alta de consumo de aço em 2021
FONTE: Valor Econômico
Companhia acredita que crescimento do PIB irá puxar consumo aparente no ano que vem
Depois de reverter o prejuízo no terceiro trimestre, a Usiminas espera um mercado mais favorável em 2021. O presidente da companhia, Sergio Leite, afirmou que a recuperação da economia brasileira deve se manter no próximo ano. Segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer em torno de 3,5% e o dólar ficará mais estável em 2021, em torno dos R$ 5,00. Isso tudo vai ajudar na alta do consumo aparente de aço.
“O crescimento do PIB anda junto com o consumo de aço, e com toda a certeza em 2021 essa demanda vai aumentar. Este ano devemos apresentar uma pequena queda de 4% a 5%”, disse Leite.
Segundo o executivo, os principais segmentos em que a Usiminas atua já apresentam crescimento neste trimestre. O mercado automotivo, que representa entre 30 a 35% das vendas da companhia, já estima uma produção de 2,4 milhões de veículos em 2021. “O que nós temos atualmente é uma recuperação do setor siderúrgico pautada na retomada do consumo real e na recomposição de estoques. Essa demanda superaquecida vem desses dois fatores.”
Leite ressaltou que a Usiminas trabalha com a capacidade atual tomada usando, além dos equipamentos e linhas da usina de Ipatinga (MG), os laminadores em Cubatão (SP). A usina paulista está sendo abastecida também por placas de terceiros. O executivo afirmou que a estratégia da companhia é produzir 70% das placas e comprar 30% dependendo da demanda de mercado.
“Neste momento com a demanda muito aquecida, estamos comprando um pouco mais de placas, mas temos capacidade para laminar até 200 mil toneladas a quente em Cubatão”, afirmou Leite.
Para ele, esse movimento de compra de placas deve ser acelerado no quarto trimestre. A Usiminas adquire a maior parte dos produtos da Ternium e da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP) e parte é importada. “Estamos trabalhando para atender o mercado da melhor forma, ampliamos o volume por causa da demanda crescente”, disse.
O desabastecimento temporário do mercado, segundo Leite, deve ser equacionado em três ou quatro meses. “A produção de aço é um processo complexo, que demora, dependendo do produto, de 45 a 75 dias. Os pedidos chegaram com uma velocidade estupenda. Aquele colocado em agosto, leva dois meses para ser atendido.”
Segundo ele, após o movimento de recomposição dos estoques, o mercado terá a dimensão correta do crescimento da demanda. “As vendas vão refletir o consumo. Vamos avaliar a volta do alto-forno 2 em Ipatinga”, disse o executivo.
Quanto ao reajuste para as montadoras, Leite informou que a alta dos custos desde ano deverá ser considerada nas negociações. As conversas, segundo ele, já se iniciaram com as fabricantes de veículos e, historicamente, se considera a realidade do mercado e da demanda do ano vigente. “Há fatos constatados no mercado este ano que precisam ser considerados, a desvalorização cambial, que está acima de 40%, e o aumento de minério de ferro que gira em torno de 30%. As conversas estão boas.”
Ontem, a companhia divulgou os resultados do terceiro trimestre deste ano e apresentou lucro líquido de R$ 198 milhões. No mesmo período de 2019, as perdas foram de R$ 139 milhões. De janeiro a setembro, a Usiminas, no entanto, se mantém no vermelho, com prejuízo de R$ 621 milhões.
A receita líquida foi de R$ 4,38 bilhões no terceiro trimestre, alta de 14%. Já no acumulado do ano, o faturamento chegou a R$ 10,61 bilhões, recuo de 4%. O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 820 milhões no terceiro trimestre, alta de 81%. No acumulado, o Ebitda foi de R$ 1,56 bilhão, alta de 5%.