Após cinco anos, Samarco prepara retomada

FONTE: Valor Econômico

A expectativa é que a volta das operações ocorra ainda neste ano

A mineradora Samarco está na iminência a retomar suas atividades em caráter comercial, depois de pouco mais de cinco anos sem produção. A empresa é responsável por uma das maiores tragédias ambientais recentes do país, quando sua barragem de rejeito de minério de ferro ruiu na cidade de Mariana, em Minas Gerais. Além do longo rastro de destruição, o desastre matou 19 pessoas.

“O reinício das operações está previsto para os próximos dias, quando se inicia o processo de produção de pelotas de minério de ferro, produto da empresa”, informou a empresa por meio de nota. A expectativa é que a reativação ocorra até o fim do ano.

Antes da tragédia, em novembro de 2015, a Samarco era uma das maiores produtoras mundiais de pelotas de minério de ferro, insumo usado pelas siderúrgicas.

No dia 11, a empresa pertencente à Vale e à BHP Billiton deu início a uma fase de testes dos equipamentos no Complexo de Germano, localizado em Mariana. A barragem de Fundão, que ruiu, ficava nesse complexo.

Os testes também estão sendo realizados na unidade de Ubu, no município de Anchieta, Espírito Santo, onde ficam suas usinas de pelotização.

“Este processo conta com a reativação de um dos seus três concentradores, da nova unidade de filtragem de rejeitos, de um dos seus minerodutos e da Usina 4 de pelotização”, disse a companhia.

Também no dia 11, a empresa já havia afirmado que a retomada das operações estava prevista para a segunda quinzena de dezembro.

No novo comunicado, a companhia reafirmou: “Para o reinício operacional da empresa, com 26% da capacidade produtiva, foram incorporadas novas tecnologias para disposição final de rejeitos – cava confinada e sistema de filtragem de rejeitos para empilhamento a seco”.

O rejeito a ser gerado no processamento do minério será depositado nesta cava e não numa barragem construída. Esse processo, segundo as autoridades ambientais de Minas e a empresa, é mais seguro.

Sérgio Alvarenga, presidente do sindicato que reúne trabalhadores da Samarco em Mariana, lembra que a empresa exportava 100% de sua produção, principalmente para China, mas também outros mercados asiáticos, Europa e Estados Unidos.

Nessa retomada, a Samarco terá uma estrutura bem mais enxuta. “Hoje só em Mariana são cerca de 700 funcionários. Antes eram 1.800”, disse ele, que também integra os quadros da empresa. O sindicato informa que já enviou um ofício para a empresa para negociar a participação nos lucros e resultados de 2021.

“O mercado de minério está aquecido e os preços estão no alto. A gente acredita que a carteira de clientes da Samarco está ansiosa por comprar o produto dela”, acrescenta Max Célio de Carvalho, presidente do sindicato que reúne funcionários da empresa no Espírito Santo.

Após pouco mais de cinco anos, a empresa voltará à atividade sem que nenhum de seus funcionários de alto escalão tenha sofrido qualquer punição da Justiça pelo desastre.