Compass está perto de comprar Gaspetro

FONTE: Valor Econômico

Companhia do grupo Cosan é apontada como favorita para fechar negócio de cerca de R$ 2 bilhões

A Compass, companhia de gás e energia do grupo Cosan, é apontada como empresa favorita a ficar com a participação de 51% que pertence à Petrobras na Gaspetro. Na próxima quarta-feira, dia 30, encerra o prazo para a venda dos ativos de distribuição de gás natural da estatal.

A Gaspetro detém participações em 19 distribuidoras de gás, que exploram com exclusividade os serviços locais de distribuição de gás canalizado em diversos Estados do Brasil.

A Mitsui, sócia da Petrobras, com 49% da empresa, pode exercer direito de preferência pelos ativos. O grupo japonês tem participação direta minoritária relevante em oito distribuidoras estaduais -seis do Nordeste e duas no Sul do país. No fim do ano passado, contudo, a companhia japonesa tinha contratado assessoria financeira para vender sua fatia na companhia, mas voltou atrás, apurou o Valor.

Fontes a par do assunto afirmaram que a Compass fez uma oferta de cerca de R$ 2 bilhões para se tornar controladora do negócio. Os bancos Santander e Itaú BBA assessoram a Compass nessa operação. De acordo com pessoas a par do assunto, o grupo Cosan não tem um grande concorrente de peso que possa desbancá-lo para levar os ativos.

A Compass chegou a ser desqualificada para participar do processo de compra dos ativos da Gaspetro em novembro do ano passado. Só que a Petrobras voltou atrás no fim de dezembro após receber um ofício do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no qual o órgão que regula a competição no mercado atesta que a continuação da Compass no processo de venda não caracteriza descumprimento do Termo de Compromisso de Cessação (TCC).

O TCC foi firmado entre Petrobras e o órgão antitruste para regular o processo de desinvestimentos dos ativos de gás canalizado da petroleira.

A venda de 51% da Gaspetro está prevista no acordo firmado em 2019 entre a Petrobras e o Cade, em que a companhia se comprometeu a deixar o mercado de distribuição de gás natural para permitir a entrada de novos agentes.

Dona da Comgás, o grupo Cosan tem planos ambiciosos para avançar em distribuição de gás no país. Especialistas ouvidos pelo Valor afirmam que, se confirmado o favoritismo da Compass no negócio, a empresa poderá se desfazer de distribuidoras que não são estratégicas para companhia, o que pode estimular a entrada de competidores de peso para o setor.

Há Estados, como o Rio Grande do Sul, por exemplo, que já manifestaram planos de vender suas participações em distribuidoras de gás canalizado. Outros Estados podem seguir o mesmo caminho, segundo uma pessoa que acompanha o setor de gás canalizado no país.

Antes de comprar a Comgás, maior distribuidora de gás canalizado do país, com atuação em São Paulo, a companhia do empresário Rubens Ometto já tinha avaliado proposta para adquirir o controle da Gas Brasiliano, que também atua no Estado e é 100% controlada pela Petrobras.

A Cosan também segue com planos de fazer oferta inicial de ações (IPO, em inglês) da Compass. A empresa de gás e energia chegou a tentar a abertura de capital no ano passado, mas o momento do mercado de capitais não se mostrou favorável à execução da operação. Agora, o próximo passo deverá ser dado mais à frente, segundo fontes a par do assunto.

O grande plano da Cosan está concentrado na abertura de capital da Raízen, joint venture entre o grupo de Rubens Ometto com a gigante Shell. A Raízen protocolou no dia 3 de junho registro de IPO na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A companhia pode levantar entre R$ 10 bilhões e R$ 13 bilhões, o que pode se transformar em um dos maiores negócios da história da B3.

Do total que poderá ser levantado pela Raízen na operação de mercado de capitais, 75% serão destinados a projetos renováveis. A companhia é a segunda maior distribuidora de combustíveis do país e a maior companhia de açúcar e álcool do país.

Em recente entrevista ao Valor, Rubens Ometto afirmou que todas as empresas do grupo estão preparadas para fazer abertura de capital, mas que não há pressa no processo. Além da Raízen e Compass, a Cosan atua no seto de lubrificantes com a Moove e é dona da Rumo, uma das maiores ferrovias do país.

Procuradas, Compass e Petrobras não comentam o assunto.