Casa dos Ventos repete estratégia voltada ao ACL nos leilões A-3 e A-4

FONTE: Brasil Energia

Empreendedora negociou projetos com potência e Tust baixas e garantiu pontos de conexão, o que sinaliza plano de expansão via mercado livre

O desempenho da Casa dos Ventos nos últimos leilões de energia nova A-3 e A-4, realizado no último dia 08/07, confirma que o grupo deve repetir a estratégia bem-sucedida adotada nos leilões de energia nova de 2018 e 2019 de vender garantia física mínima para ter a maior parte da energia disponível para o mercado livre. A análise é de Afonso Lugo, da consultoria especializada em energia renovável ePowerbay, que tem plataforma online de coleta e análise de dados do setor.

Com 2,7 GW de projetos eólicos e 1,9 GW de solares cadastrados, a empreendedora viabilizou nos leilões uma capacidade instalada de 134,9 MW de projetos eólicos, com energia negociada de apenas 32% dos 48,6 MW médios da garantia física, ou seja, 15,7 MW médios.

Segundo afirmou Lugo todos os projetos vencedores da Casa dos Ventos nos certames deste ano contam com potência muito baixa, entre 5,3 MW e 6 MW, e tarifa de transmissão (Tust) também muito baixa, entre R$ 1,45 e R$ 4,35/kW. Na sua análise, os resultados lembram o desempenho do A-6 de 2018, quando a empresa foi vencedora com os projetos Ventos de São Januário 20 a 24 e a potência dos projetos era de 8,4 MW cada e a Tust também muito baixa, de R$ 1,10/kW.

“Após o leilão de 2018, a empresa alterou a potência dos parques para 50 MW e o ponto de conexão para uma tensão mais alta, porém mantendo o mesmo valor de Tust. Ou seja, eles garantiram o ponto de conexão para os projetos, as linhas de financiamento (vencedores de leilão possuem acesso mais facilitado a linhas de crédito), mantiveram a Tust a valores baixíssimos, e em seguida ampliaram a capacidade dos parques para vender o restante da energia no mercado livre. Foi uma ótima estratégia e parece que farão algo similar com estes projetos”, analisou Lugo.

Os projetos

Os projetos negociados no A-3 pela Casa dos Ventos foram os Ventos de Santa Luzia 12 a 17, em Boninal, na Bahia, com potência de 37,1 MW, garantia física de 12,3 MW médios, com lotes de 4,1 MW médios, cujos parques utilizarão aerogeradores de 5,3 MW da GE. O projeto com menor fator de capacidade é o Ventos de Santa Luzia 11, com 30,19%. A TUST média dos projetos é de R$ 1,453 / kW, valores mais baixos do leilão. A energia foi negociada a R$ 130/MWh, com deságio de 34%.

O segundo projeto vendido no A-3 é o Ventos de São Rafael 1 a 11, em Picuí, na Paraíba, com potência de 66 MW, garantia física de 25,5 MW médios, lotes de 8,1 MW médios e que não tem fornecedor de aerogeradores definido (Nordex ou Vestas). O preço negociado também foi de R$ 130/MWh.

Já no A-4, foi negociado o Ventos de Santo Antônio 1, 4 a 8, em Antônio Gonçalves, na Bahia, com potência de 31,8 MW, garantia física de 10,8 MW médios, lotes de 3,5 MW médios e que utilizarão também aerogeradores da GE de 5,3 MW. O valor negociado foi de R$ 150,60/MWh, com deságio de 24% em relação ao preço.

Desempenho da fonte

No total, a fonte eólica contratou nos dois leilões um total de 69,8 MW médios para uma quantidade de 419,5 MW de capacidade instalada de 32 projetos, com o menor deságio médio entre as fontes, de 24,45%, a partir do preço inicial de R$ 198/MWh. Também negociaram projetos a Elawan, com o projeto Passagem (RN), de 52 MW (vencedor nos dois leilões), e a Oeste Energia, no A-3, com o projeto Oeste Seridó (RN), de 96,6 MW.

A estratégia de vender a garantia física mínima de 30% no leilão, para poder negociar o restante no mercado livre, foi seguida também pela Oeste Energia, que vendeu 30% dos 60,1 MW médios de garantia física do projeto. Já a Elawan, ao somar o mesmo projeto Passagem nos dois leilões vendeu 75% da garantia física, ou seja, terá apenas 25% para o mercado livre.

Na análise do estudo de ePowerbay sobre os leilões A-3 e A-4 de 2021, a fonte eólica registrou um pequeno aumento na contratação em relação aos últimos leilões A-4 de 2018 (33,4 MW médios) e 2019 (15,2 MW médios) e também apresentou tarifas maiores. O A-3 de 2021, com R$ 148,58/MWh, e o A-4, com R$ 150,70/MWh, foram bem superiores aos preços do A-4 de 2018 (R$ 67,6/MWh) e do A-4 de 2019 (R$ 90/MWh).