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Transporte de biometano com veículos a GNC ou GNL pode estimular consumo

Pedro Zawal, CEO da Igás, aponta vantagens e aplicações dos dois tipos de envio do biogás para as áreas de consumo e enfatiza que biometano terá demanda alta

FONTE: Brasil Energia

O transporte de biometano em caminhões movidos a gás natural pode ser uma solução para vencer o desafio de levar o combustível dos produtores para o mercado consumidor. A opinião é do CEO da IGás, Pedro Zawal. O executivo participou do webinar promovida pela Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia) e pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) em 29/06.

Segundo ele, o uso de modais rodoviários é uma das saídas acessíveis para acelerar esse mercado, atingindo uma parcela maior da população. Basicamente, seriam “gasodutos virtuais”, ou seja, o transporte de biometano por intermédio de caminhões a gás natural comprimido (GNC) ou a gás natural liquefeito (GNL).

Essa solução pode ajudar a superar a ainda insuficiente interiorização da malha de gasodutos no Brasil. “O biometano produzido vai acabar rápido, pois terá muita demanda. Assim, a questão do transporte é importante”, diz Zawal, recordando que as cidades próximas à faixa litorânea do país são as que concentram a maior parte da malha de transporte de gás, o que ser uma das razões para que apenas 5% da população tenha acesso ao gás canalizado. Por outro lado, as regiões de maior potencial de produção de biometano estão justamente onde essa malha não chega.

Zawal lembra que o Brasil tem o quarto maior potencial de produção de biogás no mundo – e o biometano pode ter um papel importante na diversificação da matriz energética brasileiro em função de sua natureza renovável e limpa. Segundo ele, o próprio biometano pode ser utilizado como combustível em veículos de transporte, uma vez que já existe tecnologia disponível.

Ele recordou que o país possui um alto consumo energético e o diesel é largamente utilizado por frotas de veículos pesados na indústria e em máquinas industriais, o que, em função do elevado preço do derivado do petróleo, acabou por aumentar os custos com gastos de combustíveis. “Com o biometano, não ocorreria essa crise, pois não dependeríamos da importação do combustível, como é o caso do diesel”.

Além do preço, há ainda questões climáticas. De acordo com o CEO da IGás, o biometano emite de 20% a 30% a menor de gases de efeito estufa em comparação com o diesel. E, pela queima considerada mais limpa, reduz-se também os custos com manutenção de equipamentos. Há ainda a redução de até 100% em dióxido de enxofre (SO2) e até 97% das emissões de dióxidos de nitrogênio (NOx), além da redução de 50% de dióxido de carbono (CO2).

De acordo com o gerente de Bioeletricidade da Unica, Zilmar de Souza, o biometano pode representar mais uma fonte de geração de receitas para as usinas de açúcar e etanol. “A produção de biogás é mais um subproduto do bagaço de cana, com várias possibilidades de uso, inclusive na bioeletricidade“, disse. Já na visão do presidente executivo da Cogen, Newton Duarte, o biometano poderia ser utilizado ainda no setor de cogeração, ajudando a reduzir os custos com o consumo de energia. “Sem dúvida, o biometano e o biogás chegaram para somar e oferecer uma alternativa”, completou.