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Tecnogera vai unir mercado livre e geradores de energia

Clientes poderão contratar eletricidade e segurança energética

FONTE: Valor Econômico

A Tecnogera, uma das principais empresas de locação de energia flexível, entrou no mercado de comercialização para oferecer a clientes contratos no mercado livre junto com seus geradores, que funcionariam como dispositivos de segurança energética. Sob o mote de que oferece “uma energia que nunca acaba”, a empresa se movimenta de olho num futuro em que se impõe o uso de alternativas mais sustentáveis de suprimento em um cenário de descarbonização.

Ao mesmo tempo, o setor elétrico vê uma iminente ampliação do acesso ao mercado livre. A meta da empresa é chegar no fim de 2024 com R$ 600 milhões de energia vendida, contou o presidente da Tecnogera, Abraham Curi. Considerando um preço médio da energia da ordem de R$ 300 por megawatt-hora (MWh), o montante corresponderia a um volume comercializado da ordem de 200 megawatts (MW) médios.

Mudanças no uso da energia fizeram com que a Tecnogera revisasse seu modelo de negócios, a fim de aproveitar as novas oportunidades. O Ministério de Minas e Energia (MME) concluiu, recentemente, consulta pública sobre proposta de piso para migração do mercado regulado para o mercado livre para consumidores conectados em alta tensão com consumo abaixo de 500 quilowatts (kW). Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) indicam potencial de migração de pouco mais de 100 mil unidades consumidoras, que seriam clientes no radar da Tecnogera.

Curi disse que a criação de uma comercializadora tornou-se uma das principais vias para a expansão dos negócios. A empresa possui uma frota composta basicamente por geradores movidos a combustíveis fósseis e parte dos clientes da companhia tem potencial de migração para o mercado livre. Segundo o executivo, em meio a estudos sobre novos negócios, a Tecnogera chegou a ser provocada por clientes para se expandir na direção do mercado livre.

“Nós conhecemos as grandezas elétricas e as características do consumo [dos nossos clientes]. Sabemos antes mesmo deles quando a energia acaba”, disse Curi. Os clientes da Tecnogera podem optar, por exemplo, em comprar energia renovável em contratos no mercado livre. A empresa já mantém conversas com geradores a fim de negociar energia de usinas solares e eólicas, salienta Curi.

Os clientes da Tecnogera são divididos em três perfis. O primeiro reúne os que são conectados a redes de distribuidoras e que precisam de uma segunda fonte de suprimento, geralmente porque apresentam situações críticas, como hospitais ou indústrias cuja produção não pode sofrer variações no fornecimento. O segundo perfil engloba clientes que possuem variação de demanda, em determinados momentos, muito acima da infraestrutura de rede, como até mesmo distribuidoras de energia que atuam em regiões de praia, onde, no verão, precisam atender a elevados picos de demanda do turismo.

Já o terceiro perfil trata de clientes com operações em sistemas isolados, como os localizados no Norte do país, ou em áreas distantes da rede elétrica – como por exemplo, atividades na mineração, no agronegócio ou na indústria de óleo e gás.

Os movimentos na comercialização, inclusive, poderão indicar à Tecnogera eventual necessidade ampliação da frota de geradores, para atender aos novos contratos que combinam contratação com segurança física. “Para dar continuidade no crescimento, vamos precisar fazer novos investimentos”, afirmou.

Porém, com uma frota movida a óleo diesel e gás natural, a empresa vem buscando saídas para operações mais sustentáveis, o que inclui a otimização do consumo de diesel. De acordo com Curi, os geradores já estão preparados para operar com biodiesel puro (B100) e a empresa vem desenvolvendo serviços ligados ao armazenamento de energia com uso de baterias, algo que, para ele, terá muita relevância no quesito segurança energética.

“Já temos alguns equipamentos que são a bateria. Nossa frota já está 100% preparada para a utilização de 100% de biodiesel. Além disso, a gente tem parte importante da frota a gás natural, o que já é um avanço no sentido de [redução das] emissões”, concluiu.