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Novo mercado de gás: é preciso investir em uma infraestrutura integrada

Conexão entre os setores promove confiabilidade e segurança energética, destaca gerente comercial da TAG, Luisa Franca

FONTE: Brasil Energia

O mercado de gás brasileiro deu importantes passos em 2022, com acesso à infraestrutura, transporte e entrada de novos fornecedores. Como próximas metas, a gerente comercial da TAG, Luisa Franca, afirmou ao EnergiaHoje que é importante integrar o transporte com todo o setor de gás, especialmente com o elétrico.

A conexão entre os mercados promove confiabilidade e segurança energética, pois as transportadoras podem substituir um outro sistema em caso de problemas. Se um navio com GNL não conseguir atracar para abastecer uma termelétrica, por exemplo, a malha de transporte pode atuar como substituta para fornecer gás natural.

Atualmente, 40% da demanda da capacidade dos transportes atende às termelétricas. De acordo com a executiva, integração da infraestrutura está em desenvolvimento e ainda não há uma regulamentação sobre o assunto.

“Os contratos com as usinas estão acabando e percebemos que os novos projetos são isolados da malha. Na nossa visão, isso reduz a confiabilidade e, no fundo, faz com que a conta seja redistribuída para outro usuário”, destacou.

No contexto de abertura do mercado, Luisa comentou que a equipe colocou oito novos grupos econômicos na TAG e 17% da receita atual é proveniente de fornecedores diferentes da Petrobras. Dentre as principais ações de diversificação, destacam-se os contratos com o grupo Unigel e com a Bahiagás.

Em fevereiro de 2021, a TAG firmou um acordo com a Proquigel Química, do grupo Unigel, para abastecer as fábricas de fertilizantes da Bahia e do Sergipe. Com prazo inicial de um ano, o negócio previa a entrega de 2,3 milhões de m³/dia de gás natural.

Já em maio de 2022, a TAG e a Bahiagás assinaram os primeiros contratos de transporte de gás natural entre uma transportadora e uma distribuidora no país. Os quatro acordos preveem o volume total de saída de gás de 1,3 milhão de m³/dia, com vigências de 9/05/2022 à 31/12/2022.

“Nós achamos que a Bahiagás foi pioneira nesse processo [de diversificação dos fornecedores] como distribuidora. Já vemos outras distribuidoras conversando com a Bahiagás para entender como foi esse processo, vindo até a TAG para entender o contrato e contratar a saída”, revelou.

Luisa explicou que o transporte é cerca de 13% do preço total do gás, mas a molécula é o fator mais importante. De acordo com a gerente comercial, as transportadoras ganham mais flexibilidade na contratação da molécula a partir dos contratos com as distribuidoras.

Investimentos futuros

Para os próximos cinco anos, a TAG planeja investir mais de R$ 2 bilhões em manutenção e novos projetos. Os três principais são o Gasfor II (CE), a conexão ao terminal de Sergipe (SE) e a nova estação de compressão em Itajuípe (BH).

O primeiro visa ampliar em 83 quilômetros a malha de gasodutos para deslocar parte do fluxo atual de transporte em alta pressão da região central de Fortaleza. De acordo com o relatório de administração da TAG, o projeto vai propiciar segurança operacional e possibilitar uma futura expansão para o estado do Rio Grande do Norte, caso ocorra um aumento da demanda regional.

Já a conexão ao terminal de Sergipe é fruto de um acordo firmado com a Celse em junho de 2022. Orçado em R$ 300 milhões, a transportadora vai implementar um gasoduto de aproximadamente 25 quilômetros e as infraestruturas necessárias para a integração. Já a Celse vai pagar mensalmente uma tarifa de conexão a partir da entrada em operação do gasoduto para remunerar os investimentos que serão realizados pela TAG.

Por fim, a nova estação de compressão em Itajuípe (BH) visa maximizar o fluxo do Sudeste para o Nordeste.