LGA Mineração investe R$ 100 milhões na modernização em Congonhas
O empreendimento da LGA entrará em operação completa no segundo semestre de 2025 e tem como premissa estratégica a capacidade de processar ROM (run of mine) com menor teor de ferro, e transformá-los em concentrados com mais de 65% de Ferro.
FONTE: Brasil Mineral.
A LGA Mineração anunciou investimento de R$ 100 milhões para o projeto de modernização completa de sua planta industrial em Lobo Leite, distrito de Congonhas (MG), com foco na flexibilidade do abastecimento de matérias-primas e processamento, aumento da qualidade do minério final e ganho em eficiência logística e ambiental. Segundo dados do Platts Steel Markets Daily, o índice de referência do minério com 62% de Ferro (IODEX CFR North China) fechou o dia 13 de maio em US$ 101,25 por tonelada seca, registrando alta de US$ 2,65 desde o início do mês, em resposta ao anúncio de corte tarifário mútuo entre China e Estados Unidos. “Nossa estratégia é pensar além do ciclo imediato. Estamos preparando a LGA para competir em um mercado que exige qualidade, rastreabilidade e impacto ambiental positivo. O Projeto 3,5M é a base para essa transformação”, afirma Paulo Soares Toledo, CEO da companhia. “A indústria minero-siderúrgica está em um momento de transição, e é crucial que estejamos preparados para navegar por essas mudanças com agilidade”, complementa Wellington Ceciliano, diretor comercial da LGA.
O empreendimento da LGA entrará em operação completa no segundo semestre de 2025 e tem como premissa estratégica a capacidade de processar ROM (run of mine) com menor teor de ferro, e transformá-los em concentrados com mais de 65% de Ferro, prontos para atender siderúrgicas com metas de descarbonização. “O novo sistema de produção vai além da produtividade: ele reduz emissões, reutiliza recursos e transforma passivos minerais em insumos valiosos”, afirma Paulo Soares. A LGA tem um modelo de negócios singular por não possuir lavra própria. Ao longo de mais de 15 anos de atividade, a mineradora consolidou uma rede de suprimentos com fornecedores de matérias-primas, estruturando processos industriais que agora exigem uma alta adaptabilidade técnica.
Para Ceciliano, o Projeto 3,5M transforma o que antes era visto como fragilidade, isto é, a ausência de lavra em diferencial competitivo. “Nossa localização no centro do Quadrilátero Ferrífero nos permite acessar diversos tipos de ROM. O que o projeto traz é justamente a tecnologia para processar qualquer tipo de minério disponível. Isso nos coloca em posição estratégica e reduz nossa exposição a riscos de suprimento”. Em 2024, mais de 60% da produção da LGA já superava os 62% de Ferro, com um aumento de 15% no volume produzido em relação a 2023. A LGA também viu crescer sua fatia no mercado internacional: mais de 15% das vendas foram destinadas indiretamente à exportação. “Deixamos de disputar vendas no mercado spot e passamos a ser procurados como fornecedor regular. O mercado busca a LGA”, diz Ceciliano. A expectativa é que, com o novo sistema em pleno funcionamento, 100% da produção ultrapasse a faixa de 62% de Ferro, com parte significativa acima dos 65%. Esses produtos, além de mais valorizados, geram menor consumo energético e menos emissão de CO₂ nas etapas seguintes da cadeia, ganhando importância diante das metas globais de descarbonização da siderurgia.
A estrutura do Projeto 3,5M inclui nova britagem, um sistema de moagem inovador, melhorias no circuito de concentração e a instalação de um novo filtro prensa em parceria com a chinesa JingJin. A planta continua em operação com empilhamento a seco sem barragens de rejeito e com reaproveitamento de até 95% da água utilizada. “Estamos eliminando o uso de recursos escassos e nos alinhando às melhores práticas globais. Sustentabilidade, para nós, é parte do modelo de negócios desde o primeiro dia”, reforça Paulo Soares. Em relação à questão ESG, a companhia afirma que tem investido na redução da circulação de caminhões, seja pela melhoria da qualidade do ROM, que exige menos transporte para blending, seja pelo uso de circuitos logísticos fechados que evitam deslocamentos vazios. Um projeto de terminal ferroviário está em avaliação para a unidade de Lobo Leite, o que poderá reduzir ainda mais os custos operacionais e emissões.
No plano financeiro, o projeto foi estruturado com recursos próprios e financiamentos de longo prazo obtidos junto a três instituições bancárias de primeira linha. “Realizamos uma análise estratégica com base em SWOT, e identificamos uma ameaça concreta: a deterioração do teor médio do ROM disponível. Nossa resposta foi imediata, com uma rota industrial robusta, que eleva a qualidade final do produto e amplia a nossa base de fornecedores”, explica Antônio Henriques, diretor financeiro. Segundo ele, o investimento também traz ganhos indiretos relevantes: reduz a dependência de blends, aumenta a previsibilidade de suprimentos e dá maior segurança ao fluxo de caixa. “A estrutura de risco e retorno da LGA muda com o projeto. Tornamo-nos menos vulneráveis às oscilações de matéria-prima e mais atrativos comercialmente”. Atualmente, a LGA tem como foco garantir estabilidade operacional e alinhamento entre pessoas, processos e metas. “Aprendemos que eficiência operacional e valorização do time precisam caminhar juntas. Manter esse equilíbrio é o desafio da gestão”, resume Paulo Soares.
Para Ceciliano, a inovação continuará sendo a alavanca da competitividade da LGA nos próximos anos. “Investir em pesquisa e desenvolvimento vai nos permitir não apenas melhorar nossos processos e reduzir custos, mas fortalecer nossa posição diante de um mercado cada vez mais exigente em sustentabilidade e rastreabilidade”. Financeiramente, a mineradora projeta impactos positivos mesmo em áreas tradicionalmente sensíveis, como a recuperação mássica. “É verdade que a recuperação em massa será impactada negativamente, pois os produtos serão de melhor qualidade. No entanto, realizamos investimentos específicos para compensar essa perda em outras etapas da produção”, explica Antônio Henriques. “Melhor do que a recuperação mássica é a qualidade dos produtos finais. O mercado vem, cada vez mais, premiando a qualidade do minério”.