EPE libera nova aprovação técnica para o Projeto Raia, que pode atender 15% da demanda de gás do país
FONTE: Petronotícias.
Um novo avanço marca a trajetória de um dos projetos mais relevantes para ampliar a oferta de gás natural na costa brasileira. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) concluiu a análise técnica da documentação apresentada pela Equinor para solicitar autorização de início de atividades antecipadas de construção e instalação do gasoduto de escoamento com gás especificado do Projeto Raia. A EPE considerou o projeto compatível com o planejamento setorial e recomendou sua autorização, destacando sua importância para o aproveitamento de uma oferta relevante de gás natural nacional, sua contribuição para a modicidade tarifária e sua aderência aos objetivos do Programa Gás para Empregar.
“Essa entrega da EPE é um marco para a implementação do Decreto do Programa Gás para Empregar. Conduzimos uma análise inédita, com rigor técnico, respeito aos prazos e diálogo constante com a ANP. É a demonstração concreta de como o planejamento energético pode acelerar investimentos e garantir mais segurança para a infraestrutura do gás no país“, disse o presidente da EPE, Thiago Prado (foto).
O gasoduto partirá da área de desenvolvimento dos campos de Raia Manta e Raia Pintada, localizados ao sul da Bacia de Campos, a cerca de 200 km da costa do Rio de Janeiro, e será interligado à malha da Nova Transportadora do Sudeste, em Macaé (RJ). Um diferencial técnico do projeto é que todo o processamento do gás será feito no mar, dispensando instalações em terra. Essa será a primeira vez no Brasil que o gás será especificado ainda no ambiente offshore e entregue diretamente ao sistema de transporte, graças à alta qualidade dos hidrocarbonetos extraídos na região.
“Os estudos da EPE para este projeto foram elaborados na perspectiva do planejamento integrado setorial, a fim de que sua implementação não comprometa o uso eficiente das infraestruturas existentes”, detalhou a diretora de Estudos do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges (foto à direita).
O gasoduto terá trechos terrestre e marítimo que, em conjunto, totalizarão 204 km. Desse total, serão 200 km de trecho marítimo, desde o FPSO até sua chegada em terra, com subsequente trecho terrestre de aproximadamente 4 km desde a praia até sua chegada na Estação de Recebimento de Gás (ERG), localizado na cidade de Macaé (RJ). A ERG realizará a conexão com a rede de transporte nacional de gás, por meio da Nova Transportadora Sudeste (NTS).
O sistema também contará com uma válvula de chegada em terra na Praia do Lagomar, no Bairro Lagomar, em Macaé. No trecho marítimo, o gasoduto será conectado ao FPSO para o recebimento do gás processado, e seguirá pelo fundo do mar em águas ultra profundas, a cerca de 2700 m de profundidade. No trecho de águas rasas, o gasoduto seguirá coberto, garantindo a integridade física do mesmo. A chegada em terra ocorrerá na Praia do Lagomar, sendo a instalação realizada pelo método não destrutivo do furo direcional (HDD), a cerca de 1 km da costa.
No trecho terrestre, o duto voltará a ser enterrado em valas e seguirá por uma faixa de dutos já existente, utilizada pelos gasodutos Enchovão/Cabiúnas e Rota 2, operados por outras empresas de Óleo e Gás, até a ERG. No trecho terrestre o duto cruzará duas rodovias e também atravessará as proximidades do Bairro de Lagomar e do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. O gasoduto também contará com um equipamento utilizado para verificação e limpeza do seu interior chamado PIG (do inglês, Pipeline Inspection Gauge).
Localizado na Bacia de Campos, o Projeto Raia é operado pela Equinor (35%), em parceria com a Repsol Sinopec (35%) e a Petrobrás (30%). O ativo reúne três descobertas no pré-sal — Pão de Açúcar, Gávea e Seat — que somam reservas recuperáveis de gás natural e óleo/condensado superiores a 1 bilhão de barris de óleo equivalente (boe). A capacidade prevista de exportação pelo gasoduto é de 16 milhões de metros cúbicos por dia, o que poderá atender até 15% da demanda total de gás do país quando o projeto entrar em operação, prevista para 2028.