AES fecha compra de parque eólico no Nordeste por R$ 806 milhões
FONTE: Valor Econômico
Com o negócio, o investimento da AES em aquisições soma R$ 1,456 bilhão em 2020
Em um ano que parece não terminar para a AES Brasil (ex-AES Tietê), a elétrica anunciou ontem a compra de mais um complexo eólico no Nordeste, na divisa entre Rio Grande do Norte e Ceará. A empresa fechou a aquisição dos parques MS e Santos, com 158,5 MW de potência instalada e que pertenciam ao grupo Cúbico, por R$ 806 milhões. Desse total, R$ 529 milhões foram em dinheiro e R$ 277 milhões em dívidas. Com o negócio, o investimento da AES em aquisições soma R$ 1,456 bilhão em 2020.
A aquisição é mais um movimento importante em um ano repleto de decisões estratégicas. A AES começou o ano enfrentando oferta hostil de compra por parte da Eneva. Para evitar o negócio, sua controladora, a americana AES Corp., adquiriu a participação da sócia BNDESPar na elétrica e manteve seu controle. Também em 2020, a AES fechou a compra do complexo eólico Ventus (RN), vendeu a usina de Uruguaiana (RS), lançou plataforma digital para o mercado livre, mudou o nome e a identidade visual e no início deste mês comunicou mudança no comando. O atual CEO, Ítalo Freitas, deixa o cargo em 15 de janeiro e será substituído por Clarissa Sadock, hoje vice-presidente financeira e de relações com investidores.
Freitas disse que a AES fecha 2020 com 4 GW de potência instalada, sendo 1,35 GW de energia eólica ou solar e 2,65 GW em geração hídrica. “Os parques MS e Santos estão em operação desde 2013 e têm contrato de longo prazo [20 anos]. Isso gera estabilidade para o portfólio da AES.” O complexo eólico tem 93% de disponibilidade – tempo que realmente ele consegue gerar sem ser afetado por fatores externos, como manutenção. “Temos experiência na gestão de ativos e vamos melhorar esse índice. O parque Ventus tinha 90% de disponibilidade e hoje atinge 98%”, diz Freitas. A empresa tem ainda um pipeline de projetos chamado Complexo Eólico Cajuína, também no Rio Grande do Norte, montando um cluster na região.
Próximo de deixar o cargo para assumir a vice-presidência de novos negócios da America do Sul, onde deve levar a experiência brasileira para outros países da região, Freitas diz que o crescimento do grupo no Brasil passa por três pontos. O primeiro é investir no mercado livre, que será o “principal canal de crescimento da energia renovável”. O segundo é a expansão da plataforma digital, com oferta maior de serviços aos clientes, como monitoramento e consultoria. E finalmente melhorar a performance dos ativos.
“O que vai gerar crescimento é ser inovador. Inovador com a melhor solução para o cliente. Inovador na construção do nosso parque gerador. E inovador na gestão de nossos ativos”, defende. Freitas destaca o centro de operações da companhia, instalado em Bauru (SP), de onde é possível gerir todas as usinas e parques, como peça fundamental nessa estratégia. “Conseguimos de lá ligar uma máquina ou saber se um equipamento corre risco de ter problemas.”