Klabin prevê crescimento mais forte até o fim do ano

FONTE: Valor Econômico

Otimismo leva em conta momento positivo da demanda doméstica, entrada em operação da primeira máquina de Puma II e a sazonalidade do segundo semestre

Depois de registrar resultados considerados bons no primeiro trimestre, porém levemente abaixo do esperado pelos analistas por causa dos preços realizados da celulose, a Klabin deve mostrar aceleração do crescimento nos próximos trimestres, na comparação com igual período do ano passado, em relação ao que se viu nos três primeiros meses do ano. A afirmação é do diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Marcos Ivo, e leva em conta o momento positivo da demanda doméstica e externa para os produtos da Klabin, a entrada em operação da primeira máquina de papel do projeto Puma II e o fato de o segundo semestre ser sazonalmente mais forte.

“Vemos o primeiro trimestre como um passo dentro de 2021, que será o 12º ano consecutivo de crescimento do Ebitda”, afirmou, em entrevista ao Valor. Esse crescimento, conforme o executivo, está sendo acompanhado por geração de valor, como demonstrado na evolução do retorno sobre o capital investido (ROIC). No trimestre, o indicador (que é expresso em 12 meses) chegou a 16,5%, o maior em pelo menos dez anos.

De janeiro a março, a Klabin registrou Ebitda ajustado excluídos os itens não recorrentes de R$ 1,25 bilhão, com alta de 22% na comparação anual, enquanto a receita líquida subiu 34%, a R$ 3,47 bilhões, a maior para um trimestre na história da companhia. O lucro líquido atribuído à controladora somou R$ 371,2 milhões, comparável a prejuízo de R$ 3,14 bilhões um ano antes, quando a variação cambial teve efeito negativo no resultado financeiro e pressionou a última linha do balanço.

Para os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG Pactual, os resultados foram bons, mas não refletiram o potencial total da companhia. A expectativa é de melhora em todas as linhas de produto nos próximos meses. “O fluxo de caixa livre (negativo) foi afetado por um aumento considerável no uso de capital de giro e esperamos que a alavancagem acelere a tendência de baixa à frente”, escreveram, em relatório de ontem.

No Credit Suisse, os analistas Caio Ribeiro e Gabriel Galvão calculam que o fluxo de caixa livre foi negativo em R$ 261 milhões no intervalo, em razão dos investimentos de R$ 815 milhões – incluindo os desembolsos em Puma II – e do aumento de R$ 532 milhões em capital de giro.

No trimestre, a alavancagem financeira, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou estável em 4 vezes em dólar e subiu a 4,2 vezes em reais. Mas no fim do ano será inferior à vista no primeiro trimestre, disse Ivo ao Valor. Isso significa que o índice já alcançou o teto para o ciclo de investimentos em Puma II, projeto receberá investimento bruto de R$ 12,9 bilhões até 2023.

Embora a recuperação dos preços da celulose tenha contribuído para a melhora dos resultados no trimestre, os negócios de embalagens e de kraftliner foram os grandes destaques do balanço, na esteira dos aumentos de preço nos mercados doméstico e internacional e da expansão das vendas em volume em papelão ondulado e sacos industriais.

De janeiro a março, a receita líquida com embalagens de papelão ondulado subiu 78% na comparação anual, para R$ 1 bilhão, impulsionada por reajustes e vendas mais fortes, refletindo também a compra dos ativos de embalagem da International Paper (IP) no país no ano passado. Em sacos industriais, a receita cresceu 24%, a R$ 258 milhões.

Em kraftliner, enquanto as vendas em volume recuaram 2% ante o primeiro trimestre de 2020, a 103 mil toneladas, a receita líquida saltou 22%, refletindo repasses de preço e o real desvalorizado. O momento é favorável para a entrada em operação da nova máquina de kraftliner da companhia, a MP27. A menor disponibilidade desse tipo de papel no mercado externo, já que os Estados Unidos têm absorvido uma parcela maior de sua produção e exportado menos, e a demanda aquecida possibilitaram aumentos de preço a partir do segundo semestre do ano passado. A tendência positiva permanece.

Na celulose, a Klabin já começou a se beneficiar do ambiente de recuperação dos preços internacionais, mas os reflexos da curva de valorização da fibra devem aparecer ainda com mais força no balanço do segundo trimestre. Enquanto as vendas de celulose em volume caíram 3% frente ao primeiro trimestre de 2020, para 373 mil toneladas (considerando-se fibra curta, fibra longa e fluff), a receita total avançou 44%, para cerca de R$ 1,2 bilhão.

Por outro lado, o aumento dos custos das commodities e o dólar mais caro elevaram o custo caixa de produção de celulose no trimestre a R$ 776 por tonelada. Em um ano, a alta foi de 12%. Frente ao quarto trimestre, a expansão foi de 3%. Segundo a companhia, além da inflação, os principais impactos vieram dos químicos e combustível mais caros, na esteira da alta das commodities, e da desvalorização do real frente ao dólar.

Neste momento, segundo Marcos Ivo, há maior visibilidade sobre o cenário de curto prazo do que havia na virada do ano. “A visibilidade está aumentando, mas ainda há dúvidas quando se olha para o longo prazo sob o aspecto macroeconômico e de evolução da pandemia”, ponderou.