Data center aposta na energia renovável
FONTE: Brasil Energia
Scala Data Centers garante suprimento de energia para seu forte plano de expansão com PPAs de energia renovável e promessa de aderir à autoprodução em breve
Com a energia como seu principal custo operacional, para manter as centrais de armazenamento e processamento de dados sempre refrigeradas e em operação ininterrupta, as empresas de data centers se preocupam cada vez mais na gestão do consumo e na busca por contratos de energia (PPAs) de mais longo prazo e atrativos.
Aliada a essa demanda imediata, o engajamento de seus principais clientes – sejam eles os grandes provedores de serviços na nuvem, bancos, grandes corporações ou empresas de webcommerce – à agenda ESG tem feito os data centers também se prepararem para limpar a matriz de seu grande consumo energético (a estimativa é a de que os data centers consomem 1% da energia global).
Um exemplo ocorre com a Scala Data Centers, empresa fundada em abril de 2020 a partir da aquisição de dois data centers da UOL Diveo em São Paulo pelo fundo de investimento norte-americano DigitalBridge. Por meio de dois PPAs firmados diretamente com geradores (AES Brasil e a Engie), para compra de energia convencional hídrica, cobertos pela aquisição de certificados de energia renovável (I-RECs), a empresa já de início passou a ter seu consumo 100% renovável.
Em julho deste ano, a empresa anunciou a terceira contratação com a Engie, de um PPA de 12 anos, válido a partir de 2022, para 1.600 GWh de energia convencional até 2033, também cobertos pela compra de 1,6 milhão de RECs.
“Fomos o primeiro provedor de data center na América Latina a ter suas operações, ainda em 2020, 100% cobertas por energia renovável e certificada e a ideia é expandir esse conceito para novos data centers que teremos em breve no Brasil e na América Latina”, disse a diretora de energia e ESG da Scala, Luisa Valentim, desde junho de 2021 na empresa para liderar a estratégia.
As expansões no Brasil, que devem aumentar em até dez vezes a capacidade de armazenamento da empresa até 2033, segundo Luisa, serão suportados pelo PPA com a Engie.
Os primeiros data centers do grupo são o SP1, em Barueri (SP), com demanda média de 25 MW, e o SP2, no centro de São Paulo, com demanda entre 7 e 10 MW. Mas em agosto será inaugurado mais outro data center (SP3), na mesma área em Barueri, com capacidade total de 12 MW e, em 2022, outro entrará em construção também no mesmo campus (SP4), com capacidade de 23 MW, este voltado para armazenamento de dados de clientes corporativos. Ao todo, em Barueri, o planejamento é chegar a capacidade total de 117 MW.
Além disso, estão planejadas mais duas áreas (campi) de data centers no interior de São Paulo, com 128 MW de demanda energética. Um data center que será expandido no interior é uma aquisição feita há dois meses, da Algar Tech, com capacidade de 6 MW, e que conta com usina solar no local.
Também fora do país a Scala está adquirindo novos espaços para data centers no México, Chile e Colômbia em localidades estratégicas (2 campi em cada país), com previsão de operação plena em 2023.
Autoprodução
Segundo Luisa Valentim, esse ritmo de expansão incentivará novas soluções da empresa para garantia de suprimento. Uma que muito provavelmente será adotada é a autoprodução em grande porte, em sociedade com geradores, a fim de fechar PPAs de longo prazo.
A opção aí deve envolver sociedade em parques eólicos ou solares, estratégia que já sendo negociada. “A partir de 2024 vamos ter demanda por conta do nosso crescimento que justifica a construção de um parque dedicado”, disse. Para a diretora, a estratégia de autoprodução faz muito sentido financeiramente ainda mais no momento de crise hídrica, para ter energia garantida no longo prazo a preços competitivos.
Apesar de contar com a autoprodução para garantia de suprimento no futuro, a executiva ressalta que no curto prazo a empresa não está exposta, por conta dos PPAs feitos direto com os geradores. “Já estamos com energia 100% contratada em 2022 e 94% em 2023, o que é importante no momento de risco de racionamento”, disse.